Olhares se acinzentam quando fitam o céu.
O vento bafeja os rostos e adorna a cidade.
Uma criança - indiferente -
Brinca sobre as cinzas paternas.
Adiante, há uma fábrica.
Suas chaminés não param.
O diretor não disciplina o coração de seu filho,
Que se entremeia aos subordinados.
Na antecâmara, ante a câmara,
O diretor sente seu sangue ferver
E suas carnes queimarem.
Claudicante, sai da clausura;
Lá fora, abre os braços,
Inala e sente seu filho pela última vez.
Chora, e as lágrimas borram as cinzas
Que o vento adorna em seu rosto.
Autor: Tiago Oliveira de Sousa.